“O Círculo do Medo” é o filme do Projeto Luz & Sombras da próxima segunda-feira

Na segunda-feira, 25 de setembro, a atração da sessão de cinema do Projeto Luz & Sombras é o filme “O Círculo do Medo”, estrelado por Gregory Peck, Robert Mitchum e Poly Bergen em um dos mais aterrorizantes confrontos mostrados pelo cinema. Uma obra de arte envolvente com muito suspense que só se fazia na época dourada de Hollywood. A exibição acontecerá no Auditório da Rádio Cultura FM de Amparo, na Praça Pádua Salles – Centro, a partir das 19h30.

Sinopse

Após cumprir pena Max Cady (Robert Mitchum), um perigoso psicopata, pretende se vingar de Sam Bowden (Gregory Peck), um advogado que testemunhou decisivamente para a sua condenação. Extremamente frio e calculista, ele retorna e planeja se vingar do advogado, da sua esposa (Polly Bergen) e sua filha adolescente (Lori Martin). Apesar da ajuda de um policial (Martin Balsan) e de um detetive particular (Telly Savalas), Sam não tem poderes legais para impedir Max num jogo sádico de gato e rato e sua família fica à mercê do inimigo em um dos mais aterrorizantes confrontos mostrados pelo cinema.

Performances excepcionais

Baseado em um romance chamado “O Cabo do Medo”, escrito por John D. MacDonald, esse filme tem o reforço de um elenco perfeito e um bom diretor que foi capaz de manter o ritmo com precisão e contém caracterização psicológica, suspense com situações tensas com performances excepcionais, especialmente de Robert Mitchum. 

A grande estrela do filme é, sem dúvida, Robert Mitchum, como um dos grandes vilões do cinema, sempre com o olhar único que era a sua marca registrada. O próprio Gregory Peck, que além de atuar era produtor, deixou claro desde o início que queria que o ator que fizesse o vilão dominasse o filme.

No romance original, “O Cabo do Medo”, Cady é um soldado submetido à corte marcial e condenado pelo depoimento do então tenente Bowden pelo estupro brutal de uma menina de 14 anos. Os censores intervieram, proibiram o uso da palavra “estupro” e afirmaram que retratar Cady como um soldado refletia negativamente sobre o pessoal militar dos EUA.

Antes de seu lançamento, o filme foi fortemente censurado, com muitos elementos-chave das cenas de luta removidos. Também foram excluídas inúmeras implicações de que Cady planejava agredir sexualmente e depois assassinar tortuosamente Peggy e Nancy. Essas exclusões nunca foram restauradas.

Tensão o tempo todo

A trilha sonora do mestre Bernard Herrmann tem um estilo semelhante aos filmes de Hitchcock, tal como ele costumava produzir as suas partituras. Nesse filme, Hermann usou uma versão reduzida da orquestra sinfônica. Aqui, além de uma seção de cordas de 46 peças (um pouco maior do que o normal para trilhas sonoras de filmes), ele adicionou quatro flautas (dobrando em dois flautins, duas flautas alto em Sol e duas flautas graves em Dó) e oito trompas francesas. Nenhum uso é feito de outros instrumentos de sopro ou percussão e a trilha sonora ficou bem frenética no estilo de “Psicose”, de Hitchcock.

A fotografia em preto e branco de Sam Leavitt é fundamental para o suspense. J. Lee Thompson sempre imaginou o filme em preto e branco bem antes da produção, pois acreditava que filmar em cores diminuiria a atmosfera do thriller. E, como fã de Alfred Hitchcock, ele queria ter elementos hitchcockianos no filme, como ângulos de iluminação incomuns, uma trilha musical misteriosa, close-ups e dicas sutis.

O filme é tenso o tempo todo e o interesse não diminui em nenhum momento. Há uma direção correta de J. Lee Thompson, um diretor um pouco acima da média que provavelmente fez aqui um de seus melhores trabalhos e o outro foi “Canhões de Navarone” (1962), uma aventura muito divertida durante a Segunda Guerra Mundial. Filmar em preto e branco foi uma boa ideia e ajuda a criar algum tipo de atmosfera sórdida e sombria quando necessário, assim como a partitura musical.

John Lee Thompson também ficou conhecido por seus trabalhos em “A Conquista do Planeta dos Macacos” (1972) e “A Batalha do Planeta dos Macacos” (1973). Também dirigiu filmes com Charles Bronson e Paul Newman.

Um remake inferior

O filme “Círculo do Medo” foi refeito por Martin Scorsese em 1991, um remake muito inferior com o título de “Cabo do Medo”. Gregory Peck, Martin Balsam e Robert Mitchum aparecem no remake. Peck como advogado de Cady, Balsam como juiz e Mitchum como tenente da polícia que sugere que Bowden use meios alternativos para fazer Cady deixar a cidade.

Mas o original de Thompson é melhor – mais assustador, mais emocionante, mais diabólico e realista. A atuação de Robert De Niro no remake de 1991 não supera a reviravolta arrepiante de Robert Mitchum aqui, já que Max Cady é um dos grandes monstros humanos do cinema - ele é um demônio no espírito, não na fisicalidade. Ainda assim, essa é uma versão melhor do filme porque tem mais pontos fortes que o remake. Visualmente não é tão impressionante, mas causa mais impacto como um thriller. A trilha sonora de Bernard Herrmann foi reaproveitada em “O Cabo do Medo” (1991).

“O Círculo do Medo”, de 1962, é um thriller tenso e envolvente. O carisma de Mitchum preenche a tela, e o olhar sombrio e misterioso do diretor de fotografia Sam Leavitt aumenta ainda mais o sentimento de ameaça. É uma verdadeira obra-prima do tipo que só se fazia na época dourada de Hollywood.

Ficha técnica

O Círculo do Medo

Elenco: Gregory Peck, Robert Mitchum, Polly Bergen, Lori Martin, Martin Balsam, Jack Kruschen, Telly Savalas, Barrie Chase, Edward Platt.

Roteiro: James R. Webb. Baseado livro de John D. MacDonald

Música: Bernard Hermann

Diretor de fotografia: Sam Leavitt. Editado por George Tomasin

Direção: J.L. Thompson

Uma produção de 1962 da Universal Pictures. Original em preto e branco.

Gênero: Drama – Suspense