O poeta Marcelo Henrique, de Amparo, foi o vencedor da 31.ª edição do Prêmio Moutonnée de Poesia, promovido pela Prefeitura da Estância Turística de Salto, através da Secretaria de Cultura daquele município, em parceria com a Academia Saltense de Letras (ASLe).
A cerimônia de premiação aconteceu na noite de 25 de novembro, sábado, na Biblioteca Municipal “Prof. Valderez Antonio Bergamo Silva”, centro de Salto/SP. Marcelo foi premiado com o poema “Elegia a Lorca”.
Essa edição do Prêmio Moutonnée contou com 2.432 trabalhos inscritos, sendo 1.296 poemas validados conforme o regulamento. Além de todos os estados brasileiros, poetas de sete países participaram do certame: Portugal (21 poetas), Moçambique, Itália, Alemanha, Argentina, Canadá e Espanha.
Consolidado como o maior prêmio de poesia do Brasil, o Prêmio Moutonnée de Poesia deste ano, 2023, teve por tema “Cresço e poetizo”, explorando, assim, as possibilidades da metapoesia.
“Agradeço à Prefeitura de Amparo, que gentilmente forneceu a condução para que eu pudesse comparecer à solenidade de premiação e, assim, representar o município de Amparo”, declarou Marcelo. O poeta esteve acompanhado do professor Alexandre Silva, vice-presidente da Academia Amparense de Letras (AAL).
A rocha Moutonnée, existente em Salto/SP, é um granito róseo com o formato arredondado, lembrando um carneiro deitado (“mouton”, em francês, significa carneiro; “moutonnée”: acarneirada); por isso, o troféu do Prêmio Moutonnée é uma escultura em formato de um carneiro. O diferencial dessa rocha singular é que as arranhaduras em sua superfície foram produzidas pelas geleiras da Era Paleozoica (há 270 milhões de anos), o que, juntamente com outras evidências geológicas, comprova cientificamente que essa região já passou por alternâncias climáticas significativas.
Elegia a Lorca
A Federico García Lorca, fuzilado
em 19-VIII-1936 por fascistas espanhóis
Exilada no céu, a Lua, ensanguentada,
Velava, entristecida, as noites de Granada
E tudo à sua volta...
Era a Guerra Civil! Em pleno mês de agosto,
Da morte, o braço armado e vil era entreposto
De rancor e revolta.
À sombra da ameaça esguia do martírio,
No bolso do poeta, uma caneta e um lírio
– Armas contra o cinismo!
Um zíngaro que amava os mouros e a poesia!
Deu combate sem trégua à espúria tirania
E à corja do fascismo!
Sem que sequer tivesse o choro de um amigo,
Seu corpo, fuzilado, encontrou por jazigo
Uma beira de estrada...
Nunca se revelou nem mesmo o paradeiro
Dos despojos do poeta altivo e verdadeiro
Que iluminou Granada!
Sei que Lorca, o divino, há de viver, por certo,
A cada vez que alguém disser, de peito aberto,
“Eu cresço e poetizo!”,
Pois há de renascer no povo, em sua entranha,
Do poeta, o clamor na bandeira da Espanha
Sempre que for preciso!
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