Por: A Tribuna
13/09/2022
10:09

Os historiadores Alberto de Oliveira e Alberto Camarero, conhecidos com Os Albertos, vem desenvolvendo um trabalho de resgate da memória artística nacional através de livros, filmes e espetáculos desde 2012. O mais novo trabalho é sobre a vedete exótica e faquiresa brasileira Suzy King, como era conhecida nos anos 1950 a baiana Georgina Pires Sampaio.

Artista transgressora e fora dos padrões da época, ela ficou conhecida por exibir-se dançando com serpentes e também jejuando durante longos períodos exposta ao público dentro de uma urna de vidro, trajando apenas um biquíni. Polêmica e midiática, passou por inúmeras prisões, sofreu repressão por parte da polícia e do Serviço de Censura, foi agredida pelo público várias vezes e cavalgou seminua às quatro da tarde em plena Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, entre outras aventuras dentro e fora da lei - como por exemplo ter assumido uma falsa identidade a partir de 1966, com a qual chegou ao México e aos Estados Unidos e chegou a se naturalizar norte-americana.

Sobre ela - cuja memória se manteve na obscuridade por décadas. “Estamos lançando um livro biográfico, ‘Suzy King, a Pitonisa da Modernidade’, e um longa-metragem, ‘A senhora que morreu no trailer’, no momento em exibição em festivais de cinema”, divulgaram os historiadores.

O livro "Suzy King, a Pitonisa da Modernidade" é uma publicação do selo Desacato, da editora Veneta. Trata-se de uma edição luxuosa, fartamente ilustrada e colorida, na qual a trajetória da artista é contada de maneira leve e ao mesmo tempo apresentando uma pesquisa profunda, que reconstitui também o cenário artístico dentro do qual ela surgiu e se notabilizou.

Suzy King

Depois de nascer Georgina no sertão da Bahia, ela foi Diva Rios na boemia paulista e na Lapa carioca e Suzy King nas noites de Copacabana, mas morreu Jacuí Japurá na fronteira dos Estados Unidos com o México. Quatro nomes para uma só mulher: fascinante, temperamental e muito criativa. Cantora, compositora, atriz, bailarina clássica e folclórica, dançarina exótica e burlesca, encantadora de serpentes e faquiresa foram apenas algumas das atividades artísticas às quais ela se dedicou. Encontrada morta no trailer em que vivia na Califórnia em agosto de 1985, Suzy King deixou para trás histórias não concluídas, restos perdidos de sua conturbada trajetória e um rastro de mistério. Três décadas depois, dois historiadores reúnem os fragmentos que ela deixou por onde passou com o objetivo de remontar o complexo quebra-cabeça de sua vida.

Personagem obscura de um passado recente, quase invisível em seu próprio tempo - não fossem alguns escândalos e manchetes policiais que lhe davam certo destaque esporadicamente - e dotada de uma personalidade forte que lhe granjeou muitos inimigos ao longo da vida, Suzy King perseguiu seus sonhos e ideais com afinco ao longo de toda sua existência. Por fim, foi vencida pelo Sistema e por uma sociedade que a desprezava. Terminou seus dias deprimida e solitária num trailer na fronteira dos Estados Unidos com o México, desesperada por voltar para o Brasil e sem condições para isso, com um guarda-roupa lotado de roupas de shows que ainda acreditava que voltaria a usar em futuras apresentações - e a verdade é que passou seus últimos quinze anos sem dançar em público.

“Então por que voltar a falar de Suzy King décadas depois de sua morte? Por que contar sua história através de um livro e impor sua imagem a um público que já a renegou no passado? Muito além do exotismo e do pitoresco de sua excêntrica trajetória, que podem entreter e divertir, e das nuances dramáticas de suas dores, que podem emocionar e até fazer chorar, contar a história de Suzy King é fazer ecoar um grito de revolta abafado, trazendo à luz do século XXI a denúncia de todos os preconceitos, perseguições e olhares superiores dispensados a pessoas como ela, marginalizadas e relegadas ao esquecimento, apagadas da História porque incomodavam e não se curvavam diante da ordem vigente”, escreveram os historiadores sobre Suzy King

“A ressurreição de Suzy King através do resgate de sua história é um símbolo de resistência e revanche, vingança contra os que compactuaram e compactuam para que tantas Suzys Kings não tenham voz nem espaço para a expressão de suas subversivas criatividades”, completam.

Em 208 páginas ilustradas e coloridas, o livro "Suzy King, a Pitonisa da Modernidade" apresenta a história de vida da artista desde o nascimento na região de Jequié, na Bahia, até a morte na fronteira dos Estados Unidos com o México, passando pelos anos de glórias e inglórias no Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil e da América Latina e também pelos bastidores da pesquisa de oito anos realizada pelos autores sobre essa obscura personagem do burlesco nacional.

Artista transgressora e fora dos padrões da época, ela ficou conhecida por exibir-se dançando com serpentes e também jejuando durante longos períodos exposta ao público dentro de uma urna de vidro, trajando apenas um biquíni. Polêmica e midiática, passou por inúmeras prisões, sofreu repressão por parte da polícia e do Serviço de Censura

 


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