Diretor-presidente da Unimed Amparo fala sobre a situação da empresa com a Santa Casa Anna Cintra

A Santa Casa Anna Cintra, por intermédio da comissão interventiva que hoje está à frente da administração do hospital, notificou a direção da Unimed Amparo de que a partir de 19 de julho não mais estará atendendo os usuários dos convênios médicos oferecidos pela empresa. A notificação foi entregue à Unimed Amparo na última terça-feira, 11 de julho, e foi assinada pelo presidente da Santa Casa Anna Cintra, Osni Francisco Bruno Machado, e o responsável pela Comissão Interventista, João Augusto Alamino de Souza Campos. A Tribuna ouviu o diretor-presidente da Unimed Amparo, o médico Adalton Rafael de Toledo, que falou sobre o caso envolvendo a entidade e a Unimed Amparo.

A Tribuna - A Santa Casa Anna Cintra suspendeu o atendimento aos pacientes da Unimed Amparo. Na notificação, percebe-se que, desde 30 de abril último, o contrato entre o hospital e a Unimed venceu. O que aconteceu para que hospital e Unimed Amparo não chegassem a um acordo e a suspensão dos serviços fosse colocada em prática? Segundo notificação da Prefeitura enviada a Unimed, foram várias as tentativas de o hospital renovar o contrato, porém sem sucesso. Isso precede?

Doutor Adalton - A Unimed Amparo e o Hospital Anna Cintra têm uma parceria de longa data. São 33 anos provendo assistência à saúde. A cooperativa está, desde outubro do ano passado, em conversa com o hospital para que a renovação do contrato ocorresse de maneira sustentável, ou seja, beneficiando ambas as instituições. Foram nove e-mails, sendo quatro neste ano, mais duas reuniões presenciais entre as diretorias. Esse procedimento é normal, devido à complexidade de uma renovação contratual com os hospitais, e sempre aconteceu nestes anos. Na verdade, estávamos em negociação e fomos surpreendidos pela suspensão do atendimento de forma abrupta, encerrando as negociações sem que tivéssemos nenhuma contraproposta do hospital.

A Tribuna - A Santa Casa Anna Cintra é colocada pela Unimed Amparo como hospital de referência para atendimentos de atendimento de urgência e emergência junto aos órgãos de regulamentação da saúde de Planos de Saúde?

Doutor Adalton - Sim, o hospital está referenciado na Agência Nacional de Saúde Suplementar desde 1998, por se tratar do principal destino para atendimentos emergenciais na região, como em casos de acidentes. Porém, a cooperativa dispõe do Pronto Atendimento 24h e uma ampla rede credenciada em outros locais, como Hospital Beneficência Portuguesa em Amparo, e hospitais em Serra Negra, Pedreira, Socorro, Águas de Lindoia, além de centenas de prontos-socorros e prontos atendimentos no Brasil todo por meio do Sistema Unimed.

A Tribuna - A Diretoria da Santa Casa Anna Cintra alega que, por conta da formalização do contrato, montou uma estrutura para atender pacientes do SUS e da Unimed Amparo da região. Porém, nos últimos anos, a Unimed estaria deixando de utilizar o hospital e pagando cada vez menos pelos serviços prestados, gerando um problema financeiro para a entidade. Por que a Unimed Amparo estaria diminuindo a utilização dos serviços prestados pelo hospital?

Doutor Adalton - Durante a pandemia, diante do aumento na utilização de recursos, a Unimed Amparo buscou formas de ampliar o número de leitos de UTI na cidade, o que contribuiu não apenas com seus beneficiários, mas com toda a população em momentos de maior pico de internações. O investimento foi R$ 1.298.794,27 numa UTI na BPA. O mesmo aconteceu com uma nova maternidade, que o hospital não tinha há tempos. A queda de atendimentos de pacientes Unimed na SCAC foi reflexo de uma política equivocada de desvalorização do corpo clínico pelo próprio hospital, que era formado basicamente por médicos cooperados da Unimed. Muitos desses médicos migraram seus atendimentos para A BPA. A Unimed Amparo, assim como toda operadora de planos de saúde, remunera os hospitais por produção efetiva, ou seja, consultas, internações e cirurgias realizadas, e não por disponibilidade, cabendo ao hospital investir em qualidade e estrutura adequada para que o médico tenha segurança no encaminhamento de seus pacientes ao hospital, ação que a Santa Casa Anna Cintra há anos não vem fazendo. A Unimed Amparo não discrimina nenhum dos seus hospitais parceiros, deixando livre a escolha aos médicos e pacientes.

A Tribuna - A suspensão do atendimento do hospital a Unimed aconteceu poucos dias depois da Prefeitura de Amparo suspender uma licitação para a contratação de empresa que possa atender o plano de saúde oferecido aos servidores públicos municipais. Numa reunião no último dia 7 de julho, o prefeito disse que não deseja fazer essa licitação, e ela [licitação] estaria ocorrendo pelo motivo de a Unimed Amparo desistir de renovar o contrato com a Prefeitura de Amparo. O senhor vê alguma relação entre esses dois fatos?

Doutor Adalton - Não posso afirmar tal relação. Apenas o prefeito pode responder a essa questão. Há alguns anos, a Prefeitura de Amparo administra o hospital. Como médico e gestor em saúde com mais de 18 anos de experiência, conheço bem os desafios dessa prática. Assim, em nenhum momento, eu suspenderia a venda de serviços quando há necessidade de dinheiro em caixa – algo básico para toda forma de empreendimento. A Unimed Amparo, de maneira alguma, quer desistir de renovar o contrato de plano de saúde, que dá assistência aos servidores municipais e seus familiares, algo realizado há mais de 20 anos. A licitação atual teria validade até 2025 e a Unimed manifestou desde março deste ano o interesse em continuar. Contudo, como o contrato vem apresentando um desiquilíbrio importante entre receita e despesa com prejuízos acumulados de mais de R$ 8 milhões em três anos, a Unimed solicitou que fosse aplicado, além do reajuste contratual de 10%, um equilíbrio técnico de 29%, que a Unimed, na reunião mencionada, diminuiu para 25%. Essa solicitação, prevista em Lei, foi indeferida pela Prefeitura por duas vezes.

A Tribuna - Está ocorrendo alguma negociação para que o atendimento da Santa Casa Anna Cintra junto aos pacientes da Unimed volte a acontecer o mais rapidamente possível?

Doutor Adalton - Sim, a Unimed Amparo está, desde o dia em que recebeu a notificação, em nova negociação com o hospital. Colocamos a assistência à saúde sempre em primeiro lugar, livre de questões políticas, e, independentemente de como se findar tal situação, nossos beneficiários continuarão a receber atendimento digno e de qualidade. Junto à ANS, a Unimed Amparo é a única operadora regional com nota máxima no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar, bem acima do exigido no edital de licitação lançado nesta semana, e acaba de receber o nível máximo na acreditação do Programa de Qualificação da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, reconhecimento da qualidade do serviço que prestamos.