Em 1988 Silvio Santos investiu pesado e tirou Jô Soares da Globo, numa transação considerada milionária para a época. Nos idos de 1980, a Rede Record não apresentava ameaça alguma ao SBT, inclusive, Silvio Santos detinha grande parte das ações da emissora, que futuramente venderia ao bispo Edir Macedo. Ou seja, o “Dono do Baú” queria desbancar a Globo e quem sabe, seu sonho era chegar ao primeiro lugar na guerra da audiência. Sonho este que nunca chegou a se concretizar.
Em 1981 estreava na Globo o primeiro programa solo de Jô Soares, o “Viva o Gordo”, o sucesso foi imediato. Os principais personagens interpretados pelo humorista e que ainda estão na memória do povo são: Capitão Gay, Zé Galera, Vovó Nana, Pai Coruja, Dalva entre muitos outros que faziam a alegria dos telespectadores. Grande parte do conteúdo das histórias eram críticas implícitas ao governo da época. O título foi retirado de uma peça de teatro de Jô Soares, “Viva o Gordo e Abaixo o Regime”, fazendo trocadilho com a palavra regime, já que o Brasil estava na fase final da ditadura.
Com a transferência de Jô Soares para o SBT, em 1988, entrava no ar o “Veja o Gordo”, uma continuação de “Viva o Gordo”, da Rede Globo. O programa também contava com artistas convidados e personagens representados pelo próprio Jô.
A abertura de “Veja o Gordo” mostrava Jô interagindo com várias personalidades, a maioria políticos. Ao fim, Jô fazia menção ao fato de ter se mudado para a então TVS/SBT. Ele ficava “ao fundo” de Mário Covas, senador da época, e apontava para um microfone da Globo e fazia um sinal negativo. Do lado oposto, ele apontava para um microfone da TVS/SBT e fazia um sinal positivo. No final, Covas, supostamente, ria do que acontecera “atrás” dele.
Tanto o “Viva o Gordo”, quanto o “Veja o Gordo” foram programas pioneiros que valorizavam a comédia e realmente faziam o povo rir, esquecendo um pouco das “amarguras” que o Brasil passava nos saudosos anos 80.
“Veja o Gordo” ficou no ar até 1990, quando Jô Soares estreou o talk-show “Jô Soares Onze e Meia”, também no SBT.
Jô Soares morreu em 05 de agosto do ano passado, aos 84 anos, deixando um legado artístico inestimável.
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