A volta às gravações das tramas inéditas começam a tomar fôlego. Mas uma trama inédita para o horário das 18 horas da Globo ainda não é possível; por isso, a emissora optou por colocar no ar, a partir desta segunda, uma edição especial de “A Vida da Gente”. A trama de Lícia Manzo, dirigida por Jayme Monjardim, mostra situações cotidianas que geram conectividade com o público desde quando foi exibida pela primeira vez, em 2011. Passados quase dez anos, a obra segue mexendo com a memória afetiva do público. Elenco, direção e autora também não escondem a felicidade de rever a história de Ana (Fernanda Vasconcellos), Manuela (Marjorie Estiano), Rodrigo (Rafael Cardoso), Jonas (Paulo Betti), Vitória (Gisele Fróes), Sofia (Alice Wegmann), Eva (Ana Beatriz Nogueira, Cris (Regiane Alves), entre tantos outros personagens emblemáticos da história. Com o retorno de “A Vida da Gente”, o público poderá rever a atuação de Nicette Bruno, fatalmente vitimada pela Covid-19 no final do ano passado. Na trama, ela vivia a personagem Iná.
“Desde criança, meu olhar sempre tendeu a ir para o micro, não para o macro. Sempre fui muito de observar o ambiente e captar o subjetivo das coisas. Essa é a matéria-prima que eu costumo lançar mão quando construo minhas narrativas dramáticas. Acho que, mais que os acontecimentos, como o coma da Ana, ‘A Vida da Gente’ trata da repercussão desses fatos sobre as pessoas. A matéria-prima da novela são as conversas – do Rodrigo com o tio, da Manu com a avó, da Ana com a Alice. As pessoas sempre procuram entender os seus sentimentos sobre o que está acontecendo. Nesse sentido, a trama segue oportuna e, talvez, até ainda mais neste momento”, comenta a autora Lícia Manzo.
O conflito de Ana e Manuela, quando a tenista acorda do coma e percebe que a irmã está vivendo a vida que poderia ter sido sua, dividiu opiniões na época da exibição original. “Eu me lembro de que o Twitter estava começando e, um dia, eu tinha acabado de sair dos Estúdios Globo e o meu telefone não parava de piscar, com notificação de gente falando sobre a novela. Fiquei surpresa porque ali começou uma divisão de torcidas. Mas, no fundo, acho que o grande amor da trama é o amor daquelas duas irmãs. Elas se complementam, não são rivais”, destaca a atriz Fernanda Vasconcellos. “Acredito que essa torcida ajudou a gerar uma discussão, e, nesse ponto, foi muito importante”, complementa Marjorie Estiano.
Marjorie também relembra com muito carinho o trabalho com a saudosa Nicette Bruno, que interpretou Iná, sua avó. “Tínhamos uma troca muito bonita, de muito acolhimento. Nicette era uma mulher muito interessante, uma pessoa que atravessava gerações. Ela tinha uma conexão muito clara e muito sensível com tudo, mesmo com as mudanças do mundo. Ela estava à frente de tudo o que estava acontecendo. Vê-la em cena foi um espetáculo que durante um ano eu tive o privilégio de acompanhar de perto”, enaltece.
Já para Paulo Betti, intérprete do empresário Jonas, pai de Rodrigo, o que mais ficou marcado foram os bastidores. “Tenho recordações muito profundas das gravações. Das nossas conversas e de como aquilo era realmente a vida da gente. Essa novela é muito feliz pelo texto da Lícia e pela direção do Jayme [Monjardim]. Acho que tinha um comprometimento geral, de cada um de nós, e isso foi muito marcante para mim”, diz o ator, que está ansioso para acompanhar a reexibição da história. “Agora estou com mais tempo, vou sentar para assistir à novela. Na época, eu me sentia tão envolvido vendo os colegas, que não tenho noção do que eu fiz em cena, vou assistir agora. E vamos ver como as pessoas vão enxergar o Jonas hoje, dez anos depois”, declara.
Gisele Fróes deu vida à Vitória, mãe de Sofia, personagem de Alice Wegmann. A atriz também ressalta a entrega de todos à novela. “Eu me lembro de que era muito emocionante ver a dedicação e a concentração das meninas para as cenas que elas faziam. A Alice ainda era adolescente, saía do colégio e ia gravar. E me comovem essas lembranças do que a gente vivia nos bastidores. Era muito bonito”, conta ela, que não defende os atos de sua personagem, mas diz que, para conseguir interpretá-la, teve que buscar uma compreensão do que leva uma pessoa a ser tão cruel com a outra. “Não que as atitudes dela possam ser justificadas”, pontua.
Alice Wegmann diz também estar curiosa para rever o trabalho na novela, pois acredita ter, hoje, outro entendimento sobre a trama. “Eu não tinha maturidade na época para ver como era essa relação, como essa mãe oprimia a filha de todas as formas e se projetava nela. Eu me lembro de uma cena no vestiário em que a Vitória falava um monte de coisas duras para a Sofia. Era a primeira cena em que eu tinha que me emocionar, e eu estava nervosa sobre como iria fazê-la. Mas, na hora de gravar, a Gisele começou a falar o texto e eu só ouvia e chorava naturalmente, de tão fortes que aquelas palavras eram”, recorda Alice.
Bonito, no Mato Grosso do Sul. Gramado e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ushuaia e Buenos Aires, na Argentina, serviram de cenários para as gravações de “A Vida da Gente”, que agora volta à telinha global e tem tudo para repetir o sucesso de sua primeira exibição.
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