Lenise Nunes
Quando se observa pesquisas em torno do comportamento do investidor no Brasil, facilmente conclui-se que o Brasileiro não tem o hábito de constituir reservas. Em pesquisa divulgada pela ANBIMA (RAIO X do Investidor 2021 4ª edição), os dados mostram queda no número de investidores em 2020 em relação as pesquisas anteriores, representando atualmente 40% da amostra, ou seja, nos leva a entender que em momento de vulnerabilidade mais da metade da população estaria sem reservas. Quando olhamos para o planejamento de aposentadoria, o cenário também preocupa, pois 48% dos entrevistados que ainda não estavam aposentados indicaram acreditar que serão sustentados pela previdência social após a aposentadoria.
É claro que sabemos que em 2020 a pandemia impactou o bolso do Brasileiro. A pesquisa identificou que 55% da população teve perda de rendimento ao longo do ano, mas é interessante reforçar que a perda de emprego e renda foi maior entre as pessoas classificadas como não investidoras. Entre os investidores, 50% do total da amostra conseguiram manter a renda, e aí é possível concluir o papel dos investimentos em nossa vida.
Mas por que metade da população não investe?
É claro que primeiro é preciso considerar o cenário econômico, mas também podemos citar a falta de planejamento, o consumo inconsciente, ou seja, questões ligadas à educação financeira. Poupar não depende exclusivamente de salário, e sim saber que não se deve gastar tudo que se ganha. De acordo com a sua realidade, as pessoas devem buscar ter uma reserva para imprevistos. Para quem já venceu essas etapas, outras reservas devem ser constituídas na sequência, para aproveitar as oportunidades, realizar os sonhos de quem amamos e ter uma aposentadoria financeiramente tranquila. E a melhor forma de fazer essas reservas é investindo, para que o dinheiro renda e a pessoa não perca poder de compra por causa da inflação.
Especialistas costumam indicar uma regra de reserva de 20% da renda para poupança e investimentos, mas se você se sentir à vontade pode avançar para reservar até 30% ou mais para fins financeiros, pois esse é o melhor cenário para construir patrimônio. Exige uma dose de disciplina, consciência e principalmente dar o primeiro passo, mas não é impossível. Vale destacar que independente da parcela da renda que você irá guardar, é importante manter o equilíbrio entre viver o momento atual e investir para o futuro.
Vamos à prática? Veja abaixo algumas dicas para começar seu planejamento financeiro e tornar-se um investidor. E vale dizer que investidor não é só quem tem muito dinheiro investido, mas sim toda a pessoa que se preocupa com o futuro e constitui reservas, ou seja, todas as pessoas podem ser investidores.
Tabule todos seus ganhos e despesas, entenda se está sobrando ou faltando mensalmente dinheiro. Primeiro passo é fazer essa conta fechar, trabalhando para que comece a sobrar. Esse exercício poderá ser mais fácil ou difícil para algumas pessoas, pois pode significar mudança de hábitos, abdicações e muita disciplina.
Agora já sobra? Ótimo, vamos começar a fazer a reserva de emergência. Pense em acumular pelo menos seis vezes o seu salário mensal para gastos imediatos ou que serão usados em até um ano. Essa será sua reserva para curto prazo.
Já tem reserva de emergência constituída? Está em um investimento seguro e disponível? É importante que essa reserva esteja em alternativas conservadoras e de fácil acesso caso você precise resgatar. Para reserva de emergência recomenda-se alternativas com baixo risco e que tenham liquidez como: Poupança, CDB, RDC e fundos de investimento de baixo risco.
Tem um objetivo de médio prazo? Exemplo: Fazer um intercâmbio daqui a três anos. Para esse investimento talvez você possa recorrer a alternativas com risco moderado, dado que você tem um horizonte de tempo maior para suprir variações que podem acontecer. Para investimentos de médio prazo, uma alternativa é a LCA que é isenta de Imposto de Renda.
Certamente você também tem objetivos de longo prazo, aqueles que são para mais de cinco anos, como por exemplo a casa da praia. Para essas metas você poderá optar pela diversificação em alternativas de investimento mais arrojadas, que busquem potencializar os ganhos, e ainda separar uma parte para a previdência privada com o objetivo de ter tranquilidade na aposentadoria.
Além disso, há espaço para diversificação em, por exemplo, fundos de investimento e até renda variável. Mas para identificar quais as soluções mais adequadas para você, é primordial conhecer o seu perfil de investidor, que nada mais é do que identificar o seu apetite por risco. Pois de nada adianta um investimento com alta possibilidade de retorno se ele não trouxer tranquilidade, e vale ressaltar que todo investimento tem algum nível de risco.
Por todo esse contexto, uma orientação adequada facilita muito a vida financeira de quem quer investir. As instituições financeiras cooperativas oferecem, de forma segura, alternativas variadas de investimentos que cabem em todos os bolsos. Além disso, ao associar-se à uma cooperativa de crédito, além de obter rendimentos para seus investimentos, você estará colaborando para um mundo melhor a partir de um modelo que faz o dinheiro girar nas economias locais!
*Lenise Nunes é analista de Investimentos do Sicredi
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