Por: A Tribuna
01/02/2022
16:02

Nos últimos dias uma das cidades mais faladas no Brasil é Franco da Rocha (SP). A cidade foi uma das mais atingidas pelas chuvas de domingo (31 de janeiro). Oito pessoas morreram em um deslizamento de terra, e oito foram resgatadas com vida. Além disso, o centro da cidade ficou embaixo d'água. Franco da Rocha é um município do estado de São Paulo, localizado na Região Metropolitana de São Paulo na microrregião de Franco da Rocha. Pertence a sub-região norte da grande São Paulo. A população estimada em 2019 era de 154 489 habitante e a área é de 133,9 km², o que resulta numa densidade demográfica de 931,9 hab/km². Porém, o que poucas pessoas sabem é que a cidade recebeu o nome de Franco da Rocha, em homenagem ao médico psiquiatra amparense Francisco Franco da Rocha.

Por ocasião da inauguração do Hospital Psiquiátrico, idealizado pelo médico Psiquiatra Francisco Franco da Rocha o município e a estação homônimos, na época chamados de Juquery foram batizados com o nome do médico em homenagem a dedicação que o mesmo teve pelo hospital, e que ajudou a transformar o sanatório numa colônia agrícola, onde os alienados eram na sua maioria curados pelo contato com a natureza, e a fauna local, literalmente soltos. É sabido que o fundador do município não foi o médico psiquiatra, mas sim o italiano Fileteo Beneducci, pois o mesmo já tinha uma pedreira na atual Quarta Colônia, que gerou vários empregos no local e até teve um Tramway para transporte das pedras, e posteriormente convertido em bonde puxado á burro para acessar o Complexo Hospitalar do Juquery (CHJ).

O poeta Marcelo Henrique no livro Marcelo livro "Vidas que Inspiram" (2018) traz um biografia do médico nascido em Amparo em 23 de agosto de 1864 e falecido em 8 de novembro de 1933, aos 69 anos. Veja abaixo a biografia do médico que deu nome ao município de Franco da Rocha.

Francisco Franco da Rocha

Francisco Franco da Rocha (ou, simplesmente, Franco da Rocha, como é conhecido o eminente psiquiatra e psicólogo brasileiro de renome internacional) era filho do doutor José Joaquim Franco da Rocha e de dona Maria Isabel Galvão Bueno Franco da Rocha. Nasceu na cidade de Amparo/SP, no dia 23 de agosto de 1864, na casa de número 87 da Rua XV de Novembro – residência em cujo pórtico, até hoje, se encontram as letras "J.J.F.R." (iniciais do então proprietário da casa, sr. José Joaquim Franco da Rocha, pai do conhecido Franco da Rocha).

Concluiu a graduação na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e doutorou-se pela Universidade de São Paulo. Iniciou sua carreira de médico preocupando-se com o tratamento dos doentes mentais. Distinguiu-se por ter sido um dos pioneiros da Psiquiatria e da Psicologia no Brasil, sendo, também, o idealizador e fundador do primeiro hospital psiquiátrico em São Paulo. Dominava diversas línguas, o que lhe propiciou assenhorear-se dos conhecimentos de psiquiatras da Europa e da América do Norte, atuais na época em que viveu. Assenhoreou-se, também das ideias e teorias de filósofos gregos e romanos da antiguidade, nos textos originais. Diante de todo esse conhecimento, assumia sempre uma posição crítica, o que o levou a ter suas próprias ideias diante deles, caracterizadas por uma atitude sobretudo humanitária em relação aos doentes mentais.

Foi pioneiro na utilização da Laboterapia, um tipo de tratamento que não feria a dignidade dos pacientes, com o auxílio de trabalhos como a manutenção de hortas e pomares outras atividades manuais, sendo que, para desenvolver esse tipo de tratamento, ajudou a fundar um Asilo-Colônia. A unidade começou a ser construída em 1895, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, uma área de 150 hectares, com capacidade inicial de 800 leitos, em um terreno à margem da linha férrea, próximo à Estação Juqueri. Esse espaço foi inaugurado em 1898 com o nome de Hospital Asilo Colônia, mas só concluído seis anos depois. Hoje, é chamado de Hospital Psiquiátrico do Juqueri, na Vila Juqueri, atual município de Franco da Rocha, nome esse dado ao município em sua homenagem (decreto lei nº 6.693, de 21/09/1934). A direção foi entregue ao grande psicanalista, que passou a morar no local com a família e lá criou seus seis filhos, junto com a esposa dona Leopoldina Lorena Ferreira Franco da Rocha. Na virada do século, conheceu as ideias de Freud e iniciou seus estudos psicanalíticos propriamente ditos, obtendo destaque também na carreira acadêmica.

Foi o primeiro professor de Neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina de São Paulo (1918-1923). Na aula inaugural, discorreu sobre as ideias de Freud, porém nesse campo foi apenas um estudioso, sem praticá-las profissionalmente. Aposentou-se, em 1923, do cargo de diretor do Hospício do Juqueri, aos 58 anos de idade, e, anos depois, em 1928, por iniciativa de discípulos e amigos, foi erguida uma herma do mestre, busto em que o peito, as costas e os ombros são cortados por planos verticais, em bronze, no saguão do hospital.

Com o amigo Durval Marcondes, ajudou a fundar, em 1927, a Sociedade Brasileira de Psicanálise, a primeira instituição psicanalítica da América Latina, um passo decisivo para o desenvolvimento dessa área, no Brasil.

Foi um dos pioneiros da Psiquiatria Social e da Psiquiatria Forense, como também da Psicologia Social e Psicologia Jurídica no Brasil. Dedicou grande parte de sua vida às pessoas com doenças mentais, procurando não apenas o seu tratamento, mas, também, fazendo o possível para que fossem, de certo modo, felizes, desenvolvendo atividades úteis das quais elas gostavam e faziam com que se sentissem valorizadas.

Devido às suas numerosas e importantes publicações, redigidas em estilo elegante, porém, simples e esclarecedoras, logrou ser membro da Academia Paulista de Letras (APL), tendo sido eleito o terceiro ocupante da Cadeira nº 3, que tem como patrono Matias Aires, cadeira essa ocupada, atualmente, pelo maestro Julio Medaglia.

Autor de uma vasta bibliografia encontrada no Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria, faleceu em São Paulo, em consequência de enfisema pulmonar, aos 69 anos de idade, em 8 de novembro de 1933. O seu legado o conduziu à distinção de Patrono da Cadeira nº 1 da Academia Paulista de Psicologia.

Francisco Franco da Rocha é, também, patrono da Cadeira nº 16 da Academia Amparense de Letras (AAL), cujo primeiro ocupante foi o escritor Moacyr de Macedo Pinto (1908-1989), sucedido pela poetisa Marcia Nasr Guerato. (Marcelo Henrique - do livro "Vidas que Inspiram" - 2018)

 


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