Por: Antonio Carlos de Oliveira
18/11/2019
14:00

O professor de Português e o gramático ensinam como usar bem o idioma. O aprendiz, então, vai utilizar o ensinamento como poderosa ferramenta para ele ser bom jornalista, publicitário, marqueteiro, advogado, político, escritor, teatrólogo, cineasta, artista, poeta, letrista de música e tantas e tantas outras profissões. Eu, ao contrário, utilizo a língua como o próprio foco do trabalho. Analisando-a pelo lado lúdico, cômico, irônico, original, criativo. Não sei se consigo tanto, mas tento. Procuro, então, dentro das possibilidades, lidar com o Português, não tendo como objetivo ensinar o próximo  a ter uma ajuda na sua profissão. Não. Meu alvo principal é que o leitor fuja daquela marca antiquada, monótona de que o nosso idioma é muito complexo. O leitor necessita ver o outro lado da moeda. Preciso amar a língua que falo e fazer do estudo dela uma metalinguagem artística. Evitar, por exemplo,  o emprego do infinitivo pessoal que é, quase sempre, monótono, polêmico e arcaico. O uso da chamada mesóclise (colocação dos pronomes pessoais oblíquos e átonos no meio dos verbos). Este fato revela um lado chato, desagradável do nosso linguajar. Exemplo: No final do ano, inaugurar-se-ão belas lojas. A mesóclise soa pedante, exibindo o lado afetado da linguagem. Ficaria contente com o desaparecimento dela. No exemplo acima, podemos mudar a mensagem assim: No final do ano, belas lojas serão inauguradas. Acredito que fica mais claro e elegante. A mesóclise é pouco usada e tende a desaparecer. Talvez permaneça como lembrança na expressão dir-se-ia , mero exemplo de arcaísmo ainda bem usado. Daria motivo, porém, para que o humor bolasse coisas assim: Maria disse que a Dirce ia, mas acabou não indo. Certa vez, um presidente escorregou na gramática e bolou um tal de fi-lo porque qui-lo que virou piada nacional. O pior de tudo foi que ele tinha sido professor de Português do famoso Colégio Dante Aliguieri. Ele deveria ter dito: Fi-lo porque o quis. Tal erro fez com que, anos depois, eu criasse uma tirada assim: Ninguém domina uma língua completamente; ela é uma princesa, nascida para ser cortejada e não possuída. Cuidado revisor, às vezes, não se pode corrigir a frase, levando-se em consideração somente a lógica gramatical. Exemplo: O vazio da vida é para quem não tem imaginação. ( O espaço vazio, claro, não é para ser preenchido)

Notada redação: Antonio Carlos de Oliveira é professor e membro da Academia Amparense de Letras

 


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