Defendi, em várias ocasiões, Chico Buarque dos ataques que o artista sofreu por parte daqueles que pretenderam negar ao homem (ser humano) o direito de se posicionar politicamente, ideologicamente – mantendo, aliás, a coerência que sempre timbrou sua história de vida. Chico sempre foi um homem de esquerda; é seu direito legítimo manifestar-se quando bem lhe aprouver, e quanto a nós, concordando ou não, cabe-nos ter maturidade e sensibilidade para dissociar o homem do artista, respeitando sua integralidade, a inteireza do seu ser.
Traçando, agora, um paralelo, hei de defender, também, o cantor Roberto Carlos dos ataques que vem sofrendo por haver elogiado, no último final de semana, o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, presente a um de seus shows. O fato de Roberto Carlos se identificar com o ministro de Estado, por afinidade ou por mera educação protocolar, não o fará um cantor menor, nem diminuirá o seu talento. É seu direito manifestar-se.
As pessoas estão misturando tudo no mesmo caldeirão, e a sensação que se tem é de que estamos vivenciando uma espécie de “terceiro turno” das eleições presidenciais. Insuportável isso!
Até o Papa Francisco, coitado, pagou o pato, recentemente, quando da realização do Sínodo da Amazônia, cujo tema, escolhido há cerca de dois anos, coincidiu com as questões relacionadas à Amazônia e aos povos indígenas (há que se recordar que o Sínodo foi convocado em outubro de 2017 pelo Papa Francisco!). Setores tradicionalistas, maldosos ou simplesmente desinformados, acusaram, injustamente, o Sumo Pontífice de estar interferindo em questões pertinentes ao Governo do Brasil.
Como se vê, falta equilíbrio, respeito e discernimento! Mas falta, também, diálogo! É preciso temperar a vida com doses generosas de amor ao próximo.
Nota da redação: Marcelo Henrique é professor e poeta
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