Quatro em cada cinco donos de bares e restaurantes tentaram obter empréstimos para sustentar seus negócios durante a pandemia. Mas, destes, 81% tiveram o crédito negado por instituições financeiras. A informação vem de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) com empresários do setor em todo o país. Os bancos privados são os que mais negam acesso a empréstimos: 57,55% dos entrevistados receberam uma negativa em instituições deste perfil, contra 42,45% que foram barrados em bancos públicos. Com este quadro, quase 20% dos entrevistados dizem ter que demitir todo o quadro de pessoal se a situação se mantiver nos próximos 30 dias.
A situação não é diferente em Amparo desde terceira semana de março, a maioria dos bares e restaurantes de Amparo encontra-se fechado e realizando apenas serviços de delivery. Os empresários deste setor consultados por A Tribuna confirmam que promoveram demissões e que não estão conseguindo créditos juntos aos bancos para saldar dívidas.
Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, os bares e restaurantes estão precisando com urgência de dinheiro barato e em adequadas condições com carência e prazo de pagamentos ajustados para os desafios atuais. “Enxergamos muitas tentativas do Governo Federal de oferecer crédito barato e que chegasse na ponta, mas que, até agora, foram infrutíferas”, afirma.
Segundo Solmucci, a situação parece estar mudando. “Estamos esperançosos com os movimentos que vêm acontecendo desde a semana passada, que começam a mostrar uma luz no fim do túnel. O Ministério do Turismo liberou uma linha de crédito de R$ 5 bilhões via Fungetur que começa a ser utilizada com sucesso pelos empresários. Essa semana foi sancionado o Pronampe, que pode trazer alívio a uma parcela das empresas. E há informações de que o BNDES está reformulando a primeira linha anunciada, com muito alarde, mas que efetivamente não estava acessível aos empresários. Então, embora tenha havido uma frustração inicial, justificável, a expectativa é que o que deu errado está virando aprendizado para que o Governo disponibilize crédito de forma mais efetiva”.
Delivery
A queda de faturamento é brutal. O delivery foi a única saída para 55% dos estabelecimentos continuarem operando. Mesmo assim, a queda na receita é de mais de 75% para 64% das empresas do setor. Além de forçar uma corrida por empréstimos, a queda obrigou os empresários a cortar custos em diversas frentes. Quase 80% das empresas já fizeram uma renegociação de aluguel.
E a possibilidade aberta pela Medida Provisória 936 (conhecida como MP dos salários) permitiu às empresas suspender os contratos de trabalho de metade dos funcionários, em média. Renegociar com fornecedores também passou a ser mandatório. Neste ponto, a resposta é positiva. Pelo menos 50% dos fornecedores já concordaram em postergar o pagamento de dívidas ou parcelar pagamentos.
Em alguns lugares já começou a ser permitida a reabertura dos estabelecimentos para o serviço no salão. Mas a retomada não é fácil. Ela significa retomar custos fixos que estavam suspensos e até investir: 62% das empresas dizem estar encontrando dificuldades para repor os estoques. Por isso, dois em cada três empresários afirma planejar a retomada com menos funcionários e com uma capacidade de atendimento reduzida em relação à situação pré-crise.
Rejeitados
Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), os dados levantados são preocupantes. Dos 340 associados, 64 tentaram acessar linhas de crédito junto às instituições financeiras – tanto do governo como particular -, sendo que nenhum pedido foi aceito.
“O que as empresas conseguiram foram as linhas antigas, com juros bem mais elevados, com taxas na faixa de 2% a 5% ao mês”, revela o presidente da Abrasel RMC, Matheus Mason, lembrando que Campinas e diversas cidades da região completam neste sábado 60 dias de isolamento social.
Com relação ao movimento de vendas, na região constatou-se uma queda em torno de 85%. Os 15% que os bares estão conseguindo manter vem da venda através de delivery, uso de aplicativos e drive Thru. “Muitos comerciantes estão se reinventando para manter os negócios ativos durante a quarentena, sendo que mais da metade deles jamais haviam trabalhado com estes tipos de negócio. Tanto que o delivery apresentou em dois meses um crescimento que era esperado para os próximos dois anos”.
Twittar | Compartilhar |