Por: Marcelo Henrique
07/01/2020
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O século XX assistiu, atônito, à eclosão de dois conflitos bélicos de proporções mundiais: a Primeira Guerra Mundial (de 1914 a 1918) e a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945). O assunto é tão extenso quanto suas causas e efeitos...

O estopim da Primeira Guerra Mundial, como se sabe, foi o assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, que arrastou as nações para a guerra por conta de tratados de amizade e defesa. Há quem considere que a Segunda Guerra Mundial teria sido uma espécie de continuação da Primeira devido ao fato de o Tratado de Versalhes haver imposto, no término da Primeira Guerra Mundial, uma situação de humilhação à Alemanha derrotada, o que teria sido, no entendimento de alguns estudiosos, o germe do segundo conflito. Contudo, a bem da verdade, afora a crise (Grande Depressão) e as grandes tensões políticas e sociais, a principal causa que originou a Segunda Guerra Mundial foi a ideia de Hitler de expandir os domínios territoriais da Alemanha e ampliar, dessa forma, a obtenção de poder e recursos materiais (principalmente matéria-prima).

Agora, em pleno alvorecer de 2020, o mundo assiste à troca de provocações entre Estados Unidos e Irã, com os ânimos ainda mais exaltados após o ataque aéreo assumido pelo Pentágono, no último dia 2 de janeiro, que causou a morte do general iraniano Qasem Soleimani, comandante da Força Quds — uma divisão responsável, principalmente, por ações militares extraterritoriais e operações clandestinas daquele país.

Pela primeira vez, hei de concordar com as palavras do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro: “Aí é perde-perde. Em um conflito nuclear, perde o mundo todo; poderia ser o fim da humanidade”, declarou o presidente brasileiro.

Por sua vez, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que as bombas atômicas são uma "ameaça à humanidade", lembrando que a fabricação e o uso de armas nucleares são contrários aos ensinamentos do Islã. Ora, desde 2006, o líder supremo do Irã repete, como se fosse um mantra, que o Irã não precisa da bomba atômica, que não busca obtê-la e que armas de destruição em massa em geral – e armas nucleares em particular – são contrárias aos ensinamentos do Islã. Em vez disso, Khamenei defende, regularmente, o direito do Irã à energia nuclear civil – porém, durante anos, a comunidade internacional ocidental suspeita de que o Irã tenha, sim, ambições nucleares.

A maioria dos governantes, sobretudo das nações que, notadamente, se destacam como potências bélicas, se comporta como se estivesse jogando War II: mata, impunemente, não sei quantos aqui, invade territórios e, ainda, ordena ataques aéreos em tal país. Isso é irresponsável, perigoso e, sobretudo, desumano!

De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, nove países possuem armas nucleares. Estima-se que existam 14.465 ogivas espalhadas pelo mundo. Rússia e Estados Unidos possuem cerca de 92% dessas armas, mas, enquanto eles estão diminuindo o volume de seus arsenais, salta aos olhos que China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte estão gradualmente aumentando a produção.

Sou um homem das Letras, não um estrategista militar. Assim, permito-me adotar como plausível a explicação de que as guerras existem porque é preciso vender armas. Já em setembro de 2013, primeiro ano de seu Pontificado, falando de improviso durante um Ângelus, o Papa Francisco perguntava ao mundo: “Essa guerra é realmente uma guerra por alguma coisa ou serve para vender as armas do comércio ilegal?”, deixando claro o que pensava (e pensa) sobre os ventos de guerra na Síria e em todo o Oriente Médio.

E, para quem não sabe, são cinco países que controlam três quartos do mercado de vendas de armas no mundo: Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e China, sendo que Estados Unidos lidera o “ranking”. Outra informação importantíssima: o Oriente Médio é o principal destino das armas; a região registrou um aumento das compras de armas, enquanto foi identificada uma redução em outras partes do mundo, se comparado o volume registrado nos períodos 2009-2013 e 2014-2018.

Atribuem ao astrofísico Albert Einstein, ele próprio um refugiado da Segunda Guerra Mundial, o seguinte pensamento: “Não sei como será a Terceira Guerra Mundial, mas sei como será a Quarta: com pedras e paus”.

Pois bem. Não querendo me alongar, encerro este meu libelo em defesa da paz invocando as lapidares palavras de Ruy Barbosa, escritas quando o rugido da Primeira Guerra Mundial se elevava do outro lado do Atlântico, movimentando exércitos e aparelhando canhões: “A lei da guerra é a lei da força. A lei da força é a lei da insídia, a lei do assalto, a lei da pilhagem, a lei da bestialidade, lei que nega a noção de todas as leis, lei de inconsciência, que autoriza a perfídia, consagra a brutalidade, agaloa a insolência, eterniza o ódio...”.

Nota da redação: Marcelo Henrique é jornalista, poeta e escritor


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